A HISTÓRIA DE SPACE ORDIMAN




A história de Space Ordiman não começa em um planeta distante, mas no colapso do nosso próprio mundo.

Um clarão abrasador. Um silêncio ensurdecedor. A queda súbita de todas as tecnologias que sustentavam a civilização. Satélites queimados, redes de energia em cinzas, cidades transformadas em ruínas. Em questão de semanas, a humanidade foi lançada de volta à escuridão — uma regressão brutal, como se todo o progresso tivesse sido apenas um sonho frágil.

E então, o céu se abriu.
Pairando sobre a Terra, surgiu Ordiman: uma estrutura metálica colossal, maior do que o próprio planeta, imobilizada como um deus mudo observando a nossa agonia. Durante meses, nada aconteceu. Até que, um dia, colunas gigantescas foram lançadas em direção ao solo. Eram elevadores. E deles ecoava uma única mensagem em todas as línguas:
“Viemos resgatar vocês. Subam. A salvação os espera na Colônia Ordiman.”

Os que aceitaram a promessa foram elevados por semanas através de corredores sem fim, até adentrarem o impossível: uma nova “Terra”, reproduzida com perfeição dentro do ventre metálico da estrutura. Havia florestas, cidades, rios e até estações do ano. Para muitos, aquilo foi um renascimento. Um segundo começo.

Mas a perfeição não durou.
Criaturas anômalas começaram a rondar as ruas e as matas. Formas estranhas, às vezes hostis, às vezes apenas vigilantes, sempre perturbadoras. O tempo passou, e as gerações seguintes cresceram acreditando que Ordiman era o único mundo real. A Terra tornou-se lenda, um mito sussurrado pelos anciãos.

Foi então que surgiram os Visitantes. Primeiro como luzes, depois como silhuetas humanas. Por fim, revelaram-se entidades capazes de contato mental. E foi através deles que a verdade veio à tona — uma verdade que ninguém estava preparado para ouvir:

A humanidade não sobreviveu ao Grande Reset.
A luz abrasadora não foi um desastre passageiro, mas uma tempestade solar que extinguiu todos os corpos em instantes. O que restou da espécie não foi a matéria, mas a consciência. Os espíritos foram projetados para a Psicosfera — um oceano mental cósmico, onde todas as mentes, de todos os seres, em todas as galáxias, estão conectadas.

Mas a Psicosfera possui camadas.
As mais elevadas vibram em frequências de luz, onde habitam entidades de pura consciência. As mais baixas são densas, sombrias e devoradoras. Foi nesse abismo que Ordiman foi erguida: uma prisão monumental criada por espíritos predadores, que aprisionam consciências humanas em uma simulação sem fim. Florestas, cidades, corpos, famílias — tudo é ilusão. Um palco onde dor, medo e desespero são cultivados como energia para alimentar os arquitetos invisíveis da Colônia.

Séculos se passaram. A maioria dos espíritos já esqueceu que houve uma Terra, que um dia foram humanos. Mas alguns começaram a ouvir o chamado. Seres de luz — os Ethereanos — penetraram a simulação através de fendas da Psicosfera. Trouxeram uma revelação perigosa: é possível despertar. Para escapar, é preciso romper o ciclo de medo, elevar a própria vibração e atravessar os véus que mantêm a consciência cativa.

Poucos acreditam nessas histórias.
Para a maioria, Ordiman é tudo o que existe. Mas rumores persistem. Pessoas sonham com figuras radiantes. Vozes ecoam em momentos de desespero. Símbolos aparecem nas paredes corroídas, como lembretes de algo esquecido. A verdade insiste em retornar, fragmentada, impossível de silenciar.

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