SPACE ORDIMAN E O ESPIRITISMO


No seio silencioso do Espiritismo, ergue-se uma verdade que pulsa como um eco eterno: todos os espíritos nascem simples, ignorantes, frágeis como centelhas recém-libertas do fogo da criação. Mas nenhum permanece pequeno. Todos marcham, ainda que tropeçando, rumo a um horizonte inalcançável, onde a sabedoria e o amor se tornam a própria substância do ser.

Nesse caminho infinito, surgem dois arquétipos luminosos, como astros em órbita secreta: os Espíritos de Escol e os Espíritos de Luz.

Os de Escol são tochas acesas contra a noite do mundo. Tiveram mil existências, mil quedas, mil cicatrizes. Do barro humano ergueram consciência, e agora descem às sombras para acender claridades. São guias que sopram coragem, missionários que escolhem retornar à densidade da carne ou dos planos obscuros apenas para não deixar que a humanidade se perca em si mesma. Onde uma civilização agoniza, lá eles surgem como inspiração; onde um povo sonha, lá estão eles soprando o fogo da esperança.

Acima deles, porém, há uma luz que não guia apenas — ela transborda. Os Espíritos de Luz não mais se prendem às paixões, não mais se dobram ao tempo ou ao espaço. São chamas que não se extinguem, presenças que não falam, mas irradiam. Não conduzem apenas nações ou indivíduos: sustentam a ordem invisível do cosmos, como correntes ocultas que impedem o abismo de engolir a criação. Encontrá-los não é vê-los: é sentir um silêncio que acalma, um lampejo que desperta, uma paz tão intensa que se confunde com o próprio infinito.

Entre eles e nós, há ainda um véu. Sonhos, visões, êxtases — apenas fragmentos filtrados daquilo que realmente são. No entanto, a sua ação é constante: eles inspiram músicas que fazem a alma estremecer, guiam mãos que curam, protegem vidas no instante em que o destino poderia se romper. Não resolvem nossas dores; apenas nos lembram, em murmúrios invisíveis, que a travessia é nossa, e que o caminho só se abre quando o coração ousa caminhar.

Mas uma pergunta lateja, inevitável: e nós? Podemos um dia nos tornar como eles? O Espiritismo responde com uma promessa audaciosa: sim. Mesmo o espírito mais endurecido, aquele que hoje se afoga em trevas, há de ascender. Primeiro rastejando entre instintos, depois tropeçando em erros, mais tarde aprendendo com cicatrizes. Até que, um dia, se levante como guia — um Espírito de Escol. E, mais além, dissolvido em luz, torne-se chama sem forma, Espírito de Luz.

É essa mesma pulsação que vibra no jogo Space Ordiman. Por trás das cartas, dos símbolos e das escolhas, há sempre um convite: perceber que não se trata apenas de jogar, mas de refletir, de se olhar como co-criador de sua própria realidade. Um chamado para atravessar a escuridão não como peça de um tabuleiro, mas como viajante de um teatro cósmico, em que cada decisão ecoa na eternidade.

E assim, Space Ordiman não é só jogo — é espelho. Quem ousar jogar descobrirá que cada carta lançada é também um presságio, cada movimento é um lembrete, cada narrativa é um sussurro: de que por trás do metal, do silêncio e do horror, talvez o que nos aguarde seja apenas a luz.


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