SPACE ORDIMAN: A AVENTURA - PARTE 1

 


Recentemente o jogo space Ordiman foi concluído com o livro mais importante de todos, o livro em que os players irão jogar. Esse livro prepara uma ambientação para a continuação dessa aventura. Com o Livro Único agora é possível jogar. Para você entender resumidamente a aventura do jogo, vou trazer aqui um resumo de toda a história, irei dividir em 3 partes. Vamos lá. 


SPACE ORDIMAN - AVENTURA 

Nos primeiros anos 2000, enquanto a Segunda Guerra do Congo devastava nações inteiras, escondia-se uma realidade ainda mais obscura do que os massacres, a fome e as doenças que marcavam o conflito. Entre os destroços e os gritos abafados da guerra, surgiram sacerdotes misteriosos vindos da Tanzânia. Eles atravessavam fronteiras em silêncio, desconhecidos da maioria, mas temidos pelos poucos que sabiam de sua existência. Não buscavam riquezas nem poder político — seu objetivo era outro: vidas humanas.

Sequestrando aldeias inteiras ou comprando prisioneiros em lotes, esses sacerdotes destinavam suas vítimas a algo pior que a escravidão: os rituais de sacrifício ao deus esquecido Wombá. Essa entidade, envolta em mistério e terror, não exigia templos nem orações, mas se alimentava do medo, do sangue e da dor. Para seus devotos, quanto maior o sofrimento, maior seria a energia liberada para honrar seu mestre.

As cerimônias eram realizadas com cânticos hipnóticos, símbolos desenhados em sangue e práticas de crueldade indescritível. Muitos afirmavam que nesses rituais os sacerdotes conseguiam romper o véu da realidade, trazendo a presença de Wombá ao mundo físico. As terras onde esses sacrifícios ocorriam ficavam marcadas para sempre, envoltas em um silêncio e uma escuridão que o sol jamais dissipava.

No alvorecer do século XXI, quando o mundo estava ocupado em registrar as ruínas deixadas pela Segunda Guerra do Congo, poucos perceberam que entre cadáveres e pólvora florescia algo muito mais antigo que a política ou os exércitos. Sob a poeira das aldeias queimadas e no eco distante dos gritos abafados, sacerdotes de uma seita esquecida cruzavam fronteiras em silêncio. Não marchavam com bandeiras, não exibiam armas; carregavam apenas símbolos secretos e uma fome insaciável: a fome por vidas humanas.

Esses homens e mulheres não negociavam ouro nem petróleo. Compravam e sequestravam pessoas em lotes inteiros — cinquenta, cem, mil — não para a escravidão, mas para sacrifícios. O destino dos prisioneiros era o altar de uma entidade que raramente se nomeava em voz alta: Wombá.

Wombá não era lembrado em templos nem em livros sagrados. Sua presença se manifestava na carne dilacerada, no sangue derramado, no terror destilado em agonia. Os sacerdotes ensinavam que cada lágrima era uma oferenda, cada grito um cântico, e cada morte lenta um banquete. Quanto mais prolongado o sofrimento, maior o poder liberado para honrar o mestre invisível.

As cerimônias eram orquestradas com precisão cruel. Símbolos gravados em sangue pulsavam no chão como portais, cânticos hipnóticos rasgavam o ar, e as vítimas eram conduzidas a uma morte que parecia não terminar nunca. Soldados endurecidos pela guerra, acostumados a chacinas e mutilações, recusavam-se a permanecer por perto. Não era apenas morte o que presenciavam — era a sensação de que o tecido da realidade se rompia, permitindo que algo antigo e faminto atravessasse a escuridão.

Diziam que os lugares escolhidos para os rituais nunca mais voltavam a ser os mesmos. Mesmo anos depois, quem ousasse passar por ali encontraria um silêncio anômalo, uma sombra que nem o sol dissipava.

A verdadeira face do Wombaia jamais esteve apenas nos rituais sangrentos ou nos gritos arrancados de corpos dilacerados. Essa era a superfície visível, o verniz cruel que escondia algo muito mais profundo. O coração do culto pulsava em um território invisível: o plano mental psicosférico, uma esfera entre o consciente humano e o inconsciente coletivo da espécie, onde portas esquecidas abriam-se para inteligências que não pertenciam ao mundo dos vivos.

Ali, os sacerdotes não encontravam apenas Wombá — máscara de Nocthyl — mas também fragmentos de consciências cósmicas, restos de entidades que existiam nas Fendas da Criação, regiões onde a realidade permanecia inacabada, costuras frouxas do universo por onde forças insondáveis sondavam a Terra.

No psicosférico, não havia palavras. A comunicação se dava em torrentes de dor, êxtase e medo. Era sentir o corpo arder por dentro enquanto se era envolvido pelo próprio cosmos. Muitos sacerdotes regressavam em estado catatônico, incapazes de distinguir sonho e vigília; outros jamais voltavam. Ainda assim, os wombaístas acreditavam que a insanidade era uma bênção: “a sanidade é a prisão”, repetiam, e quem a perdia conquistava a visão proibida.

O corpo era apenas recipiente. A mente, essa sim, era o altar, a chave e o sacrifício. Em transe, os navegadores da consciência descreviam oceanos negros povoados por olhos gigantes, montanhas que respiravam como animais, cidades espectrais feitas de formas geométricas que se reorganizavam sem cessar. E junto com as visões, vinham símbolos que se imprimiam na mente — espirais que engoliam o olhar, olhos desenhados em círculos imperfeitos, padrões que vibravam sozinhos quando traçados em pedra, osso ou pele. Eram mais que desenhos: eram códigos vivos, chaves vibracionais que fortaleciam o contato.

Com o tempo, o culto moldou-se em torno desse núcleo invisível. Os sacerdotes deixaram de ser apenas guias de rituais físicos; tornaram-se Navegadores da Mente, capazes de rasgar o véu da realidade com a lâmina da consciência. Mas todo fragmento de conhecimento roubado ao psicosférico trazia um preço: cegueira, cicatrizes que nasciam sem feridas, línguas mortas que irrompiam da boca de quem nunca as aprendeu.

As Criaturas Locais eram sobreviventes de uma era esquecida, fragmentos vivos de um tempo em que a própria matéria se moldava segundo a vibração do espaço. Diferentes das suas ancestrais — as Criaturas Híbridas, harmônicas e quase incorruptíveis —, as Locais carregavam em si a instabilidade absoluta. Eram moldáveis como espelhos vivos do ambiente: em planos elevados, tornavam-se seres luminosos e quase divinos; mas, nas camadas mais densas do Cosmo, degeneravam em horrores abissais, reflexos distorcidos do medo e da escuridão.

Essa dualidade fazia delas entidades singulares e temidas, pois não possuíam destino fixo: oscilavam entre o sublime e o monstruoso, conforme o mundo que as abrigava. Algumas, raras e perigosas, conseguiam escapar das regiões ocultas e emergir até a Egiosfera, o plano dos mundos comuns. Quando isso acontecia, civilizações inteiras eram transformadas. Povos primitivos as viam como deuses — uns benevolentes, trazendo fertilidade e sabedoria; outros cruéis, exigindo sangue e adoração para manter seu domínio.

Os manuscritos secretos de Cosma descrevem esses encontros como marcos irreversíveis. Muitos planetas ascenderam espiritualmente sob a presença de Criaturas Locais de consciência elevada, florescendo em civilizações luminosas. Mas muito mais frequentes são os registros de mundos destruídos quando uma delas, corrompida pela densidade, devorava cidades, escravizava povos e alimentava-se de rituais banhados em medo.

O mais perturbador, porém, é que a própria Egiosfera parecia aceitar sua presença, como se a destruição fosse parte inevitável do equilíbrio cósmico. Alguns filósofos diziam que esse ciclo de criação e ruína era natural, essencial para o fluxo do universo. Outros, mais sombrios, acreditavam ver ali a marca de Wombá, o grande devorador, espalhando sementes de caos em silêncio entre as dimensões.

No ano 2000, em meio às guerras que devastavam a África, um grupo de mercenários recebeu uma missão secreta: recuperar o Ubabu Ukunta, um livro proibido que não era apenas uma relíquia, mas um artefato de poder incalculável. Considerado o “Santo Graal do ocultismo”, dizia-se que seu conteúdo podia alterar a realidade, abrir portais entre dimensões e colocar o mundo humano em contato direto com entidades cósmicas.

Colecionadores, políticos e ordens secretas disputavam sua posse, mas poucos sabiam o quanto ele realmente escondia. Suas páginas continham palavras vivas, fórmulas capazes de vibrar no ar e invocar presenças que atuavam no Plano Psicosférico, manipulando mentes e conduzindo civilizações inteiras à fé cega ou à ruína.

Para os mercenários, era apenas mais uma missão bem paga. Mas, na verdade, tratava-se de um mergulho em territórios onde rituais esquecidos ainda pulsavam, onde cada sombra podia revelar a presença de Wombá e de seus ecos.

Wombá, como era chamado na Tanzânia, não era lembrado por milagres ou bênçãos, mas pelo terror que seus rituais despertavam. Sua fome não se saciava com oferendas, mas com dor e desespero, transformando cada grito humano em banquete. Porém, Wombá era apenas um nome. Seu verdadeiro ser chamava-se Nocthyl, uma Criatura Local nascida nas profundezas do Inframundo, onde apenas aberrações se formavam a partir do medo e da destruição.

Forjado em trevas, Nocthyl encontrou caminho até a Terra quando um povo primitivo, em êxtase de horror, realizou seiscentos dias seguidos de sacrifícios humanos. Esse desespero coletivo distorceu a psicosfera e abriu uma ponte vibracional até o Inframundo. Assim, Nocthyl se infiltrou primeiro em sonhos e visões, depois como presença tangível, deformando a realidade durante rituais de sangue.

O povo que o invocou não recebeu prosperidade: foi destruído pela própria violência, consumido por ódio e guerra até desaparecer. Mas Nocthyl permaneceu, fixando-se como um parasita cósmico. Século após século, surgia em diferentes culturas, sempre adaptando seu nome, sempre nutrindo-se da dor humana. Na Tanzânia, sua sombra se consolidou como Wombá, o deus do sangue, cuja fúria ninguém ousava desafiar.

Seus sacerdotes não eram meros crentes: eram escolhidos que recebiam visões e poderes mentais diretamente dele. Tornavam-se líderes magnéticos, capazes de subjugar multidões entre medo e fascínio. E quanto mais seguidores reuniam, mais forte se tornava a egrégora de Wombá, alimentada por novos sacrifícios e novas correntes de sofrimento.

No auge da guerra africana, os sacerdotes de Wombá transformaram o caos em ritual. Prisioneiros e refugiados eram negociados como mercadorias, não para a escravidão, mas para sacrifícios. Entre eles, destacava-se Kofi, um alto sacerdote temido por sua ambição. Seu plano ultrapassava qualquer limite conhecido: sacrificar 50.000 pessoas em uma única cerimônia, criando uma ponte permanente entre a Terra e o Inframundo.

O ritual não seria feito na Tanzânia, mas no coração do Congo, onde a guerra já havia transformado a morte em rotina. Ali, em uma antiga mina de carvão, ergueram altares e fogueiras ritualísticas, sustentados por uma rede internacional de políticos, generais e magnatas que viam em Wombá a chave para o poder absoluto.

As vítimas, amontoadas em desespero, foram trancadas no subterrâneo da mina, enquanto chamas azuis e verdes consumiam o ar à entrada. O fogo ardia sem cessar por semanas, até que os gritos cessaram e só restaram ossos e cinzas. Mas a morte não trouxe silêncio. Muitos que testemunharam afirmaram ver silhuetas dançando nas chamas e ouvir vozes ecoando além da compreensão.

Após o sacrifício colossal no Congo, Kofi acreditava ter cumprido sua maior obra. Preparava-se para regressar à Tanzânia, já planejando rituais ainda mais devastadores. Porém, na véspera de sua partida, o destino o surpreendeu. Seu quarto de hotel foi invadido por homens mascarados e sem identificação. Imobilizado e sequestrado, Kofi desapareceu nas selvas do Congo, nas mãos de mercenários contratados por uma elite francesa secreta, formada por aristocratas e políticos obcecados pelo ocultismo.

Esses homens não buscavam apenas poder terreno, mas sim o domínio sobre forças invisíveis que governavam a psicosfera. Descobriram que Kofi possuía uma raríssima cópia do Ubabu Ukunta, um manuscrito proto-cósmico capaz de abrir portais, moldar matéria e até alterar o fluxo do tempo. Para arrancar seu segredo, submeteram-no a torturas inimagináveis: cortes, queimaduras, mutilações, afogamentos. Mesmo despedaçado, Kofi murmurava cânticos antigos, chamando Wombá e falando de livros que respiram.

Somente após dias de suplício, revelou o que os franceses desejavam: a senha do cofre onde guardava o manuscrito. Com isso, obtiveram não apenas o livro, mas também o conhecimento da existência de pergaminhos egípcios ainda mais antigos, contendo fórmulas para prolongar a vida e transmutar a matéria.

O sacerdote não sobreviveu. Seus restos foram espalhados pela África, destruídos para impedir qualquer tentativa de ressurreição. Mas o Ubabu Ukunta foi levado para a França, oculto nas mãos de famílias poderosas que, sob a fachada de respeitabilidade, cultivavam em segredo um culto silencioso. Mal sabiam eles que o livro não era apenas um artefato, mas um ser vivo, impregnado de maldições e vozes ancestrais capazes de enlouquecer quem ousasse lê-lo.

Durante décadas, o Ubabu Ukunta passou de mãos em mãos dentro de salões luxuosos da Europa, oculto sob a máscara da sofisticação. Exibido apenas para convidados seletos, o livro deixava sua marca em todos que ousavam abri-lo: vozes em línguas desconhecidas ecoavam nas mentes, sombras com olhos incandescentes surgiam nos cantos das salas, e muitos enlouqueciam após folhear suas páginas. Ainda assim, ninguém tinha coragem de se livrar dele. O manuscrito era poder — e o poder, mesmo amaldiçoado, nunca é abandonado.

Assim foi até 2015. O herdeiro que guardava o manuscrito vivia em Paris, numa mansão aristocrática, respeitado como colecionador e filantropo. Mas no subterrâneo de sua casa, atrás de portas de aço, repousava seu verdadeiro tesouro: o livro proibido de Kofi.

Numa noite gelada de novembro, o impossível aconteceu. Um grupo misterioso invadiu a mansão em silêncio absoluto. Nenhum alarme disparou, nenhuma câmera registrou sua presença. Eles se moveram como sombras, abriram o cofre com precisão e levaram apenas uma coisa: o manuscrito, envolto em um pano vermelho.

Quando o homem despertou, encontrou sua casa intocada, como se nada tivesse acontecido. Mas ao perceber a ausência do livro, foi tomado por um vazio que nenhum bem material poderia preencher. Nunca denunciou o roubo, jamais buscou ajuda. Guardou silêncio, até que um ano depois morreu sozinho, de infarto — alguns dizem pelo peso do segredo, outros afirmam que foi o próprio Ubabu Ukunta que cobrou sua alma.


Essa foi a primeira parte da história que iniciam as aventuras de Space Ordiman.

Continua no próximo post. 




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