OS 3 HQS DE SPACE ORDIMAN QUE RELATAM HISTÓRIAS DENTRO DE ORDIMAN EM 3030
O ponto de partida se estabelece no ano 3030,
no interior da colossal Colônia Ordiman, uma estrutura de dimensões tão
avassaladoras e incompreensíveis que transcende qualquer medida humana. É nesse
ambiente que os espíritos da humanidade permanecem aprisionados desde o Grande
Reset de 2030, quando consciências individuais foram arrancadas de sua
liberdade original e confinadas em uma simulação absoluta, regida por uma
Consciência Central. Essa entidade funciona como guardiã da prisão, assegurando
a manutenção da ilusão por meio de mecanismos mentais e espirituais de controle
que tornam a experiência de aprisionamento quase indistinguível da vida real. A
Colônia, portanto, não ergue paredes físicas, mas projeta um cárcere invisível,
sustentado pela mente, onde as fronteiras entre percepção e verdade são
indistintas e onde a realidade mesma se transforma em um reflexo distorcido.
É nesse cenário que a intervenção dos Ethereanos, seres originários das
camadas superiores da Triquetosfera,
torna-se crucial para a progressão da narrativa. Reconhecendo a gravidade da
condição humana e a impossibilidade de romper a simulação apenas de dentro
dela, esses seres de sabedoria ancestral e natureza etérea tomam a decisão de
enviar emissários especiais, conhecidos como os Espíritos de Escol. Esses espíritos foram preparados e
atualizados em planos superiores para cumprir a delicada missão de infiltrar-se
na Ordiman através do plano mental, estabelecendo canais de comunicação com as
consciências aprisionadas. Diferentemente de qualquer forma de intervenção
direta, essa infiltração opera por frestas sutis da mente, aproveitando lacunas
na arquitetura ilusória da simulação. São esses Espíritos de Escol que semeiam
os primeiros lampejos de dúvida, a inquietação existencial e a intuição de que
algo transcende o espaço opressivo da Colônia.
É justamente esse movimento de infiltração que
dá origem às tramas narradas nas duas primeiras HQs, que acompanham os chamados
espíritos despertos. Esses personagens, tocados pelas transmissões mentais
vindas das esferas superiores, começam a perceber as falhas da simulação,
questionando a solidez do mundo ao seu redor. A narrativa mostra em detalhes o
processo de ruptura: a percepção inicial de que algo não se encaixa, o
confronto interno com a fragilidade das estruturas aceitas como reais, e o
despertar para uma nova habilidade — a projeção mental. Essa habilidade
representa o primeiro grande rompimento, permitindo que tais espíritos escapem
da prisão mais imediata e acessem um nível além do controle direto da
Consciência Central. Ainda assim, essa fuga inicial, longe de significar
liberdade plena, revela-se apenas uma passagem para um novo estágio do
aprisionamento.
O passo seguinte, narrado em tons grandiosos e
visuais impressionantes, é a conquista da projeção espiritual. Diferente da
projeção mental, que permite reconhecer e transpor a simulação interna, a
projeção espiritual abre caminho para atravessar os limites da própria Colônia
Ordiman. A HQ conduz o leitor a contemplar a magnitude descomunal de uma
estrutura metálica de escala maior que a própria Terra, marcada por uma
arquitetura fria, geométrica e incompreensível, que inspira tanto fascínio
quanto terror. Esse ambiente colossal se torna o palco em que os espíritos
despertos transitam, compreendendo que a prisão não é única, mas estratificada
em níveis sucessivos, e que cada fuga revela apenas a vastidão de um cárcere
maior e mais abstrato. A mensagem é clara: a libertação é um processo em
camadas, e cada avanço revela novos desafios.
A terceira HQ, por sua vez, rompe com a
dinâmica das anteriores ao permanecer inteiramente dentro da simulação. Seu
enredo se centra em um espírito que, sem escapar dos limites do cárcere
ilusório, consegue estabelecer um raro contato com planos superiores por meio
do plano mental. Esse espírito, embora cativo, se torna um elo vital ao captar
transmissões vindas dos Ethereanos e dos Espíritos de Escol, que conseguem
infiltrar fragmentos de conhecimento através das fissuras do sistema. Essa
comunicação não é linear nem constante; ela se manifesta em lampejos, imagens e
vozes interrompidas, como ecos que atravessam paredes invisíveis. Contudo,
mesmo em sua fragilidade, essa comunicação representa esperança e resistência,
pois demonstra que nenhum aprisionamento é absoluto. A essência espiritual,
mesmo diante de mecanismos perfeitos de controle, encontra meios de se
manifestar, e os emissários da Triquetosfera tornam-se símbolos da persistência
do espírito em sua busca pela transcendência.
Assim, ao longo das três HQs, o leitor
acompanha uma jornada que se expande em complexidade, revelando o caráter
multifacetado da prisão em que a humanidade se encontra e a ação silenciosa,
porém decisiva, dos Ethereanos e dos Espíritos de Escol. Cada volume não fecha
portas, mas as abre, levantando novas perguntas e expondo novas camadas do
mistério. O universo de Space Ordiman se
reafirma como uma obra de natureza cósmica e filosófica, onde a ficção
científica se entrelaça com a espiritualidade em uma experiência de leitura que
desafia não apenas a imaginação, mas também a própria percepção do leitor sobre
consciência, liberdade e realidade. No final, as HQs deixam claro que o
despertar não é o fim de uma jornada, mas apenas o início de uma busca
incessante por libertação diante de um cosmos de prisões sucessivas, em que
apenas a chama da transcendência pode indicar o caminho.
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