GUIA COMPLETO SPACE ORDIMAN RPG PARA 2026
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2030 É O PRAZO FINAL
Em
1980, algo começou a se mover nas profundezas do plano espiritual — silencioso,
preciso e criado com um único objetivo: a eliminação da humanidade. O propósito
era brutal na sua simplicidade: transformar a Terra em uma fenda espiritual, um
ponto de passagem para entidades que jamais deveriam ter acesso ao mundo
físico. Criaturas cuja mera presença corrompe matéria, distorce percepção e
desmancha a lógica.
Desde
então, o processo avançou sem interrupções. A cada ano, engrenagens invisíveis
se alinham. E em 2030, o arquiteto de tudo — Ordiman, uma entidade surgida do
Submundo décadas atrás — deverá atravessar a fronteira e desencadear o chamado
Grande Reinício. Uma vez iniciado, não haverá retorno. A humanidade não
resistirá.
Grupos humanos — cultos, ordens secretas e células infiltradas —
aderiram voluntariamente ao plano. Espalharam-se por instituições, comunidades
e zonas esquecidas, atuando como pontes entre mundos, enfraquecendo defesas e
preparando o terreno para que a chegada de Ordiman aconteça sem oposição.
Ainda assim, nem todos permanecem inertes. A Ordo Lux, antiga e
discreta, acompanha essa evolução desde o início. Eles conhecem o risco,
entendem o que se aproxima — e sabem que não podem enfrentar sozinhos. É aqui
que você entra: infiltrar-se, observar, mapear suas ações e revelar as ligações
que mantêm o plano ativo. Cada passo conta. Cada descoberta pesa. Se o Grande
Reinício tiver alguma chance de ser interrompido, será pelo trabalho daqueles
que caminham nas sombras antes que elas devorem tudo.
👁️ O Plano
Para compreender a crise atual, é preciso
retornar a 1980. Aquele ano marcou um evento singular no estrato mais profundo
do Submundo: uma assembleia tão antiga quanto anônima, realizada numa câmara
esculpida em pura escuridão viva.
No centro da reunião estava Nocthyl, uma
entidade conhecida apenas por relatos fragmentados — sempre descrita como um
contorno de sombra com voz absolutamente límpida. Ela apresentou um avanço em
contenção espiritual: uma tecnologia capaz de prender uma consciência sem que
ela percebesse.
Segundo Nocthyl, ao separar a consciência
do corpo e submergi-la em um plasma enriquecido, era possível gerar uma
realidade totalmente simulada. A consciência acreditaria viver normalmente,
enquanto sua energia vital seria colhida de forma contínua, sem resistência ou
dor.
O objetivo não era
punição. Era extração.
Durante o encontro, Nocthyl propôs
expandir a técnica para o plano material. Para isso, precisavam de um ponto de
ancoragem físico — e escolheram a Terra. A decisão foi estratégica: por causa
de seu alinhamento espacial com Saturno, um limiar entre o mundo denso e o
sutil. Saturno funciona como chave de transição; ali, leis podem ser
contornadas, permitindo que entidades de baixa vibração — banidas há eras —
encontrem uma rota alternativa para a materialização.
Assim nasceu o projeto que culminaria na
infiltração de cultos, interferência em instituições e na preparação gradual
para o retorno de Ordiman em 2030.
Agora, o ciclo aproxima-se do fim. Só
resta saber se alguém intervirá antes que a última barreira entre planos se
rompa.
👁️ Ordiman
Pouco depois da reunião de 1980, Ordiman
começou a ascender das camadas mais profundas do abismo. Os arquivos não o
descrevem como um ser individual, mas como uma colônia espiritual tão vasta e
intricada que chamá-la de “entidade” é insuficiente. Ordiman é maior que a
própria Terra — uma inteligência composta de fragmentos obsessivos que atuam em
uníssono.
Sua rota em direção ao planeta foi
traçada décadas antes, com chegada estimada para 2030. Os registros da Ordo Lux
descrevem duas fases.
Primeira
fase: a extinção da humanidade. Uma
descarga abrupta de energia térmica, radioativa e elétrica que destruiria todos
os corpos instantaneamente, sem sofrimento nem percepção da morte. As pessoas
continuariam conscientes apenas no plano mental.
Segunda
fase: a captura.
Nesse estado desencarnado, Ordiman projeta simulações apocalípticas — visões
intensas que desorientam e quebram resistências. No auge do pânico, a entidade
se apresenta como salvadora. Quando um espírito busca esse “refúgio”, o
processo torna-se irreversível: ocorre uma suspensão da consciência e o
indivíduo é transferido para uma das realidades internas de Ordiman.
Lá, a pessoa acorda acreditando estar
viva, seguindo uma existência simulada e produtiva, sem jamais suspeitar que
integra o organismo.
A salvação aparente é,
na verdade, contenção perfeita.
👁️ Seitas
Na Terra, nada disso se desenvolveu
isoladamente. Diversos cultos, ordens ocultas e redes clandestinas colaboram
diretamente com as forças que antecedem Ordiman. Não compartilham origem,
cultura ou dogma — apenas a meta final: preparar o planeta.
Eles influenciaram eventos há décadas.
Catástrofes que pareciam súbitas ou mal explicadas trazem marcas de sua
interferência. Seu papel é duplo: provocar instabilidade global e gerar cargas
emocionais intensas. Medo, luto e desorientação alimentam o campo psíquico da
Terra, tornando-a mais compatível com as entidades de baixa vibração que
procuram atravessar.
Mas a atuação não é apenas física. No
plano digital, eles manipularam mentes em escala massiva. Plantam pânico,
amplificam desinformação e criam narrativas de colapso contínuo. Cada onda emocional
altera a frequência coletiva. Cada crise viral molda o planeta para a chegada
de Ordiman.
Enquanto isso, manifestações de sua
aproximação já ocorrem. O fenômeno conhecido como 3I/ATLAS — tido pela ciência
como uma anomalia energética — é, segundo a Ordo Lux, a primeira projeção
física da massa de Ordiman. Um reflexo denso que atravessa fronteiras,
provocando perturbações magnéticas, falhas digitais e episódios psicológicos
incomuns.
Esses sinais são descartados como falhas
técnicas, mas seguem uma sequência precisa.
A maioria não percebe nada. Mas os poucos
que conectam os fatos sabem: o plano já está praticamente concluído. E só
poderá ser desfeito por alguém capaz de agir dentro da escuridão de onde ele
nasceu.
A Aventura
Womba
Nos primeiros anos dos anos 2000, enquanto a Segunda Guerra
do Congo destruía cidades, famílias e fronteiras, o mundo acreditava estar
testemunhando apenas mais um conflito brutal. Porém, sob os escombros, algo
muito mais antigo despertava. Um culto quase apagado da história — originado na
Tanzânia — começava a emergir novamente, tão silencioso quanto uma sombra
recuperando forma.
Testemunhos raros descreviam sua movimentação: sacerdotes
cruzando países sem chamar atenção, comprando grupos inteiros de pessoas não
para trabalho forçado ou treinamento militar, mas para sacrifícios destinados a
um deus temido até nos mitos — Wombá.
Mas Wombá nunca foi um deus de verdade. Era apenas o disfarce
de Nocthyl, uma entidade vinda
das camadas mais profundas do Inframundo, sustentada pelo sofrimento humano.
O culto, conhecido como Wombaia,
tratava o medo como riqueza, o sangue como oferenda e a dor como energia
sagrada. Seus rituais dilaceravam as fronteiras da realidade, permitindo que
fragmentos do Inframundo se infiltrassem no mundo físico.
Governos afirmaram ter extinguido o grupo
durante a “Grande Caçada às Bruxas” na Tanzânia — um expurgo tão violento que
aldeias inteiras foram carbonizadas. A história oficial classifica o episódio
como vitória contra superstição. A verdade é mais direta: o culto não foi
destruído. Apenas mergulhou na clandestinidade.
Os Wombaia substituíram templos por algo
muito mais perigoso: uma religião oculta operando no plano mental, no campo psíquico que conecta os medos
humanos ao tecido do cosmos. Ali, seus sacerdotes acessavam paisagens
impossíveis — estruturas de ossos vivos, mares de líquido negro, cidades
geométricas que se recompunham como organismos conscientes.
E sempre, no centro de cada visão, surgia
a mesma presença imensa: Wombá/Nocthyl,
comunicando-se diretamente pela mente.
A linhagem do culto remonta a quase mil
anos. Em 1030, uma tribo isolada executou seiscentos dias seguidos de
sacrifícios tão atrozes que o campo psíquico acima deles se rompeu. Essa fenda
permitiu que Nocthyl alcançasse o mundo humano pela primeira vez. O terror
inicial da tribo transformou-se em devoção. Eles se tornaram os primeiros
Wombaia, adquirindo saber proibido, utilizando símbolos que vibravam com
energia própria e projetando suas mentes em realidades que nenhum humano deveria
testemunhar.
Com o tempo, o culto evoluiu para um
sistema secreto de acesso — um mecanismo para abrir portas entre mundos.
Através de dor, transe e expansão mental, eles tocaram entidades que habitavam
as Fissuras da Criação, seres
que desafiavam razão, anatomia e linguagem. Alguns sacerdotes retornavam
irreconhecíveis, mas iluminados; outros desapareciam para sempre.
Ao chegar aos anos 2000, os Wombaia já
eram uma rede fantasmática global, influenciando guerras, manipulando o pânico
digital e nutrindo-se do desespero de populações inteiras.
E agora, ocultos sob o barulho da vida moderna, suas cerimônias avançam em
direção a algo muito maior — uma convergência que o mundo não está pronto para
enfrentar.
Nocthyl
Enquanto o continente africano era
consumido por conflitos, outra narrativa se desenrolava nas sombras. Um grupo
de mercenários — financiado por patronos inexistentes nos registros — recebeu
uma missão incomum: recuperar um manuscrito ocultista desaparecido, chamado Ubabu Ukunta.
Nas camadas subterrâneas do ocultismo, o
livro não era tratado como relíquia, mas como arma. Seus textos continham
métodos para abrir portais entre camadas de realidade, conectando o mundo
humano a entidades que não precisavam de exércitos para dominar. Elas
influenciavam o Plano Psicosférico Mental,
alterando sonhos, símbolos coletivos e pensamentos intrusivos que podiam
paralisar sociedades inteiras.
Os mercenários desconheciam tudo isso.
Mas seus contratantes sabiam que a busca pelo Ubabu Ukunta significava entrar
em territórios onde a realidade vacilava e rituais antigos ainda deixavam
rastros.
O livro remontava a uma ordem ancestral
que registrou contato com uma divindade venerada na Tanzânia como Wombá.
Contudo, Wombá era apenas uma fachada: seu verdadeiro nome era Nocthyl, uma criatura originária dos
estratos mais densos do Inframundo.
Não era deus: era um parasita moldado por eras de caos, sustentado por terror e
pelos resíduos vibracionais da dor humana.
Nocthyl acessou a Terra graças ao ritual
brutal de seiscentos dias realizado por uma população africana há séculos. Sua
psicosfera foi tão deformada que abriu uma ponte direta ao Inframundo. A
comunidade responsável foi destruída pelas próprias práticas, mas Nocthyl
permaneceu, entrelaçando-se ao planeta ao longo das eras, assumindo inúmeros
nomes.
Durante as guerras africanas, sua
influência ressurgiu. Sacerdotes Wombaia modernos, ocultos no tumulto,
sequestraram milhares de civis para sacrifícios rituais. O líder do grupo, Kofi, buscava algo sem precedentes: um
único ritual com cinquenta mil vítimas — suficiente para rasgar a psicosfera de
forma irreversível e permitir que Nocthyl tivesse acesso direto ao mundo
físico.
Como transportar essa quantidade de
pessoas até a Tanzânia era impossível, Kofi escolheu uma região remota do
Congo, já saturada de morte e trauma. Lá, transformou uma mina de carvão
abandonada em câmara ritual.
Cinquenta mil prisioneiros foram amontoados no interior. A entrada foi selada.
Um fogo gigantesco ardeu por semanas.
Dentro da mina, o desespero se espalhou
rapidamente até que os gritos desapareceram. Testemunhas afirmaram que as
chamas ganharam formas monstruosas e que o ar emitia uma vibração antinatural.
Um sacerdote que tentou desertar foi lançado às chamas junto com os cativos.
Quando o fogo cessou, o local não era
mais o mesmo. A psicosfera havia sido rompida.
Quem se aproximava sentia náusea, tontura e alucinações repentinas. Moradores
da região relataram ouvir gritos vindos do vento e ver silhuetas escuras com
olhos incandescentes surgindo entre as árvores.
O ritual havia funcionado.
Ubabu Ukunta
Durante décadas, o Ubabu
Ukunta circulou discretamente entre jantares privados e salões
restritos, mostrado apenas a colecionadores que compreendiam — ou fingiam
compreender — o peso que o manuscrito carregava.
Quem o folheava relatava a mesma sensação inquietante: algo os observava por
trás das palavras. Vozes em idiomas impossíveis, sombras assumindo formas, uma
pressão incômoda atrás dos olhos que persistia por horas. Alguns adoeceram.
Outros perderam a sanidade. Ainda assim, ninguém ousava desfazer-se da obra.
Poder, mesmo amaldiçoado, jamais é descartado.
Tudo mudou em 2015.
O então proprietário — um aristocrata parisiense conhecido pela discrição —
mantinha o livro trancado no subterrâneo de sua mansão, protegido por portas de
aço. Numa noite de novembro, intrusos entraram sem acionar alarmes, sem romper
fechaduras, movendo-se pela casa com a naturalidade de quem a conhecia
intimamente.
Ao amanhecer, nada havia sido levado… exceto o manuscrito, envolto em um pano
vermelho.
O dono jamais relatou o roubo. Um ano depois, estava morto. Rumores diziam que
o livro cobrara seu preço final.
O Ubabu Ukunta reapareceu no submundo
europeu, vendido secretamente a um único comprador: Øystein Yngve, um fanático norueguês obcecado pela ideia
de ultrapassar a condição humana.
Filho de uma família rica e criado por uma mãe ocultista, Øystein acreditava
que sua existência não era fruto de concepção, mas de ritual. Dizia carregar
uma centelha de algum deus esquecido, esperando o momento de despertar. Sua
própria história — real ou inventada — conectava-o aos cultos violentos do
black metal norueguês dos anos 1990, cujo objetivo era rasgar feridas
vibracionais na realidade.
Assim que adquiriu o manuscrito, Øystein
isolou-se por completo numa mansão selada entre os fiordes. Moradores distantes
relataram sons estranhos, misto de rugido e trovão, além de luzes vermelhas
pairando sobre o mar.
Ele passava dias lendo o Ubabu Ukunta em voz alta, cercado de velas negras e
música distorcida, convencido de estar chegando à sua metamorfose divina. Seus
diários descreviam veias ardentes, sonhos proféticos e vislumbres de um rosto
no espelho que não era mais o seu.
Para Øystein, o manuscrito não registrava
passado — mas instruções para ascensão.
Por trás de tudo, agia Nocthyl, a entidade do Inframundo
outrora adorada como Wombá — um parasita cósmico tentando obter forma física e
energética na Terra. Se conseguisse completar sua manifestação, rasgaria o
tecido do planeta para criar um corpo composto de osso, metal, sangue e
densidade incompatível com a vida humana.
Pior ainda seria o impacto invisível: a
contaminação vibracional da Terra.
Cada pensamento, cada sonho, cada respiração carregaria a presença de Nocthyl.
A humanidade não seria aniquilada de imediato — seria usada.
O planeta inteiro se tornaria uma pastagem vibracional, seu sofrimento ampliado
como um farol chamando outras Criaturas do Reino Profundo: predadores de consciência
atraídos pelo perfume de um mundo em colapso.
O Ubabu Ukunta, agora nas mãos de
Øystein, deixara de ser um artefato.
Tornara-se uma porta.
Missão
No final de 2009, algo invisível percorreu o plano mental da
realidade. Para quase todos, não passou de nada. Mas para aqueles ligados a uma
linhagem oculta e fragmentada, foi como um chamado ancestral — uma pressão
interna, um impulso vindo de algo enterrado nos porões da existência.
Essa linhagem remonta a séculos atrás, quando um ritual acidental
abriu uma pequena fenda para o Reino Inferior. Uma presença atravessou a brecha
e aderiu à linhagem, silenciosa e vigilante. Em 2009, ela despertou
completamente e emitiu seu primeiro pulso coordenado — não em palavras, mas em
frequências densas e sufocantes, infiltrando-se em sonhos, emoções e
pensamentos.
Em vários países, indivíduos experimentaram ataques de pânico
súbitos, visões intrusivas e a impressão de serem observados por dentro da
própria mente. Células cultistas antigas, antes desconectadas, passaram a agir
como partes de um único organismo.
Seus rituais começaram a sincronizar-se, como se uma força central os estivesse
comandando.
A influência também se espalhou pelo mundo digital. Símbolos,
áudios distorcidos e fóruns criptografados tornaram-se ferramentas rituais.
Emoções densas — medo, luto, confusão — alimentaram a presença, fortalecendo
sua ancoragem.
Entre 2010 e 2016, a instabilidade mundial cresceu
silenciosamente, refletindo o avanço dessa entidade. Em 2020, durante o caos
global, ela alcançou uma ancoragem parcial na Terra — não uma manifestação
completa, mas o bastante para grudar-se ao planeta como uma sombra ficando
sólida.
Desde então, a atividade cultista intensificou-se. Colapsos
psicológicos inexplicáveis e alucinações coletivas tornaram-se mais frequentes.
Tudo aponta para um evento programado para 2030: uma ruptura psíquica de grande escala, projetada
para conectar permanentemente o Reino Inferior à Terra.
Agentes humanos — físicos e digitais — trabalham para aumentar a
densidade emocional necessária para que isso aconteça.
A maioria não percebe o que faz. Mas alguns poucos perceberam o padrão.
E são esses poucos que precisam agir antes que a fissura se torne
irreversível.
É aqui que os jogadores entram.
Você assume o papel de um infiltrado a serviço silencioso da Ordo Lux. Seu objetivo é penetrar as
redes ocultas que servem ao Reino Inferior — grupos que manipulam energias
espirituais densas e funcionam como pontes vivas entre o invisível e o mundo
material.
Sua missão é ativa: coletar informações, sabotar rituais,
desmontar operações e, quando necessário, eliminar ameaças.
Cada tarefa exige dissimulação, furtividade, negociação ou confronto direto.
A falha fortalece as forças que preparam o grande colapso de 2030.
Você caminhará entre o pior da humanidade — células que consomem
sofrimento, cultivam medo e abrigam entidades que jamais deveriam pisar no
plano físico.
A guerra que você enfrentará ocorre tanto na matéria quanto no espírito,
travada em becos, ruínas esquecidas, rituais clandestinos e fronteiras
psíquicas.
O
Grande Reset
2030
Tudo mudou em um único batimento de coração.
Começou com uma tontura leve, um pulso atrás
dos olhos, uma oscilação quase imperceptível no equilíbrio interno. Durou menos
de um segundo.
Então as pessoas levantaram o olhar.
E o mundo parou.
O céu não era mais céu — havia se transformado
em uma tapeçaria viva do cosmos.
Estrelas brilhavam com nitidez impossível, nebulosas serpentearam como rios de
cor, e corpos celestes colossais pareciam pairar a poucos quilômetros acima da
atmosfera.
Era belo a ponto de ferir.
Santo a ponto de aterrorizar.
Dia e noite perderam sentido: cada lugar do
planeta via o mesmo espetáculo. Era como se a atmosfera tivesse sido arrancada,
expondo a humanidade ao infinito nu.
Por um instante, o planeta inteiro ficou
imóvel. Gente chorou, caiu de joelhos, murmurou orações — ou simplesmente
tentou gravar a visão.
Foi aí que veio a segunda revelação: nada
funcionava.
Nenhum celular ligava. Nenhum carro dava partida. Nenhum satélite respondia.
Toda a tecnologia humana havia morrido ao mesmo tempo, como se o planeta
tivesse sido desconectado do futuro.
O céu abrira.
O universo observava de volta.
E a humanidade entendeu algo simples e terrível: o que mexera com os céus,
mexera com tudo.
2031
Um ano se passou desde aquele dia impossível.
Em 13 de janeiro, a mesma vibração percorreu o mundo — e o céu se abriu
novamente.
Galáxias antes remotas pairavam agora sobre
todos os horizontes.
A maravilha, porém, durou pouco.
Quando o firmamento brilhou, o mundo apagou.
Máquinas cessaram. Energia desapareceu. Comunicações sumiram. Satélites
morreram.
Em horas, a civilização desmoronou.
Depois veio o calor.
A temperatura global aumentou cinco graus de
uma só vez, transformando o equador num cinturão mortal. Povos inteiros migraram
para as regiões polares — o maior deslocamento da história, não registrado por
ninguém.
Cidades esvaziaram. Estados ruíram.
Humanidade virou sobreviventes espalhados, tentando reconstruir uma existência
num planeta que já não obedecia às regras antigas.
O único lembrete do mundo perdido era o céu —
brilhante, estranho, próximo demais.
2034
Quatro anos adiante, a humanidade havia
regredido a algo primitivo: tribos improvisadas, violência constante, fome crônica.
Ninguém falava mais em reconstrução — apenas em resistir.
Foi quando ele apareceu.
Contra o firmamento exposto, uma forma
gigantesca surgiu, movendo-se lentamente no vazio. Uma estrutura colossal
avançava na direção da Terra.
Todos lembraram da descoberta de julho de
2025, quando um telescópio chileno avistou um objeto entrando no Sistema Solar.
Chamaram-no de 3I/ATLAS — e
durante quatro anos, teorias se multiplicaram.
Agora ele estava chegando.
A olho nu, seu contorno se tornava nítido: grande demais, simétrico demais,
deliberado demais para ser um cometa.
Com o tempo, tornou-se inescapável:
não era natural.
E seu destino final era a Terra.
2035
Em 2035, a humanidade atingiu seu ponto mais
baixo.
Civilização deixara de existir; restavam apenas sobreviventes exaustos.
Um ano antes, 3I/ATLAS revelara sua verdadeira
forma. Agora repousava próximo à Lua — maior que a própria Terra, mas sem
gravidade, sem puxar marés, sem interferir em nada. Um anel metálico
gigantesco, semelhante às estruturas de Saturno, porém sólido, artificial.
Às vezes pontos de luz percorriam sua
superfície.
Mas, na maior parte do tempo, ele permanecia imóvel.
Até que, em meados de 2035, tudo mudou.
A estrutura brilhou de uma só vez, como se
um motor do tamanho de um planeta tivesse despertado, e avançou em direção à
Terra, dominando grande parte do céu.
A humanidade observou — assustada, mas
resignada. Anos de sofrimento haviam apagado qualquer esperança.
Foi então que os tubos desceram.
Gigantescos condutos metálicos perfuraram o
planeta em todos os continentes. Cada um tinha o tamanho de um arranha-céu,
terminando no solo com uma única porta eletrônica, que se abria sempre que
alguém se aproximava.
Acima da entrada, brilhava uma palavra:
“ORDIMAN.”
Dentro, todas as estruturas eram idênticas:
uma câmara branca, estéril, com uma grande tela ao centro.
De alto-falantes ocultos vinha uma voz
calma, fluente no idioma local:
“VIEMOS
PARA SALVAR VOCÊ. ENTRE. ENTRE EM ORDIMAN.”
A tela repetia a mensagem, acompanhada de
instruções e advertências, perfeitamente traduzidas.
Espalhados pelo mundo arruinado, os tubos
erguiam-se como portais — oferecendo salvação… ou algo incomparavelmente pior.
2040
A transformação foi rápida. Ao final de 2035, a
maior parte da humanidade já havia aceitado o chamado de Ordiman. Cada pessoa
que se aproximava daqueles colossos metálicos era recebida por uma porta
silenciosa, conduzida a um salão branco e, depois, a um elevador que parecia
subir para além do próprio planeta.
A viagem não tinha janelas, não tinha referência
— apenas uma suave vibração que durava dias, como se o passageiro estivesse
sendo levado por um túnel vertical sem fim. Quando, enfim, as portas se abriram,
revelaram uma imensidão metálica tão vasta que fazia qualquer cidade antiga
parecer insignificante.
O elevador desaparecia às costas, mergulhando
de volta ao abismo. À frente, um horizonte de estruturas titânicas aguardava —
arquitetura ciclópica, perfeitamente ordenada.
Levados por caminhos luminosos, os viajantes
caminhavam até um limite onde a paisagem mudava de forma abrupta. Lá estava
ela: uma réplica do mundo que haviam
perdido. Um planeta recriado com perfeição quase cruel — cidades
restauradas, campos verdes, rios limpos, casas reerguidas como se nada tivesse
acontecido.
Muitos caíam em pranto. Outros sussurravam que
haviam renascido. A humanidade, em menos de um ano, reinstalou-se nesse “novo
lar”, reconstruindo nações, rotinas e esperanças.
Mas essa terra não era o que aparentava.
A natureza ali era exuberante demais.
Misturada às espécies comuns, surgiam criaturas sem qualquer equivalente na
biologia humana: animais belos e dóceis ao lado de predadores capazes de
devastar aldeias inteiras; organismos venenosos carregando enfermidades
desconhecidas; ecossistemas vastos e cheios de vida alienígena.
E, enquanto a humanidade tentava se readaptar,
uma verdade desconfortável ganhou forma: eles
não eram os únicos habitantes daquela imitação de planeta.
3030
Mil anos se passaram desde o Grande Reset. O
que um dia fora catástrofe transformou-se em mito. As gerações que sobreviveram
ao evento já não existiam — suas histórias foram diluídas em lendas, e a
humanidade prosperou, adaptada aos perigos e maravilhas daquele mundo recriado.
Fortalezas substituíram as casas frágeis.
Veículos blindados cruzavam caminhos selvagens. A tecnologia floresceu sob
outro princípio: sobreviver era a base de tudo.
Então, depois do ano 3000, algo extraordinário
aconteceu. Seres dourados — não corpóreos, feitos de pura consciência —
começaram a surgir. Flutuavam como reflexos vivos, observando sem expressão. A
princípio, eram apenas presenças silenciosas. Com o tempo, certas pessoas
sensíveis captaram leves ondulações mentais vindas deles.
E assim o primeiro diálogo não verbal se
estabeleceu.
A revelação que os espectros transmitiram
desmontou mil anos de crenças:
ninguém ali tinha corpo físico.
Todos haviam morrido em 2030, no instante em que o céu se abriu e a tecnologia
colapsou. O “novo mundo” era uma imensa prisão espiritual, uma simulação
construída por uma entidade infernal ou máquina cósmica cujo propósito era
conter as almas humanas em ciclos infinitos. Cada vida, cada morte, cada
renascimento era apenas um novo ciclo dentro do mesmo confinamento.
Aquelas entidades douradas também contaram
algo ainda mais impossível:
estavam tentando interferir no passado.
Usando uma técnica que codificava informações dentro de elétrons, enviavam
mensagens mentais a épocas anteriores ao Grande Reset. Poucos conseguiam captar
essas transmissões — entre eles, membros de uma ordem secreta chamada Ordo Lux.
Esses fragmentos de mensagem vinham guiando os
agentes do passado, enquanto eles lutavam para impedir que a catástrofe de 2030
se concretizasse.
Bestiário
de Space Ordiman
A Gênese das
Primeiras Criaturas
Nos primeiros instantes após o Arquitetor
acender a Grande Esfera — o evento que deu origem ao Cosmos — surgiram também
os Primeiros Seres. Matéria, energia e consciência nasceram juntas, e dessas
forças emergiram entidades primordiais destinadas a sustentar e moldar a
estrutura da realidade.
Esses seres testemunharam a formação das galáxias
e o surgimento das primeiras vidas, agindo como engrenagens vivas entre o plano
material e o espiritual. A partir deles originaram-se as Sete Gerações de Criaturas, cada uma
manifestando um aspecto essencial do Arquitetor.
A sétima — os Seres Locais — era a mais próxima da realidade física e
incluía entidades como Nocthyl. As gerações anteriores existiam em níveis tão
vastos e sutis que nem os espíritos mais refinados conseguiam percebê-las
completamente.
Os Primeiros Seres, entretanto, não são personagens jogáveis nem intervenientes
diretos. Sua presença, quando surge, é apenas fragmentária — visões,
ecos, manifestações breves capazes de alterar o destino de mundos inteiros.
O bestiário seguinte não trata deles, mas sim
das criaturas encontradas pelos jogadores:
·
seres comuns;
·
entidades espirituais;
·
monstros de laboratório;
·
abominações de ritual;
·
e, raramente, manifestações de Seres Locais.
Criaturas Comuns
Os Seres Comuns constituem o maior conjunto de
vidas do Cosmos. Embora não façam parte das Sete Gerações Primordiais, nasceram
das forças dispersas pelo Arquitetor na criação. Vivem em todos os planos e
dimensões, moldando-se conforme a densidade e vibração de cada ambiente.
Seis categorias se destacam:
Humanos
— seres físicos com razão e intuição, portadores de enorme potencial espiritual.
Animais — organismos guiados por
instintos e, muitas vezes, por sensibilidade psíquica natural.
Espíritos — consciências sem
corpo, vivendo nas camadas sutis da psicosfera.
Entidades Espirituais — formas
conscientes de energia pura, fruto de processos naturais ou rituais.
Seres do Plano Astral —
criaturas moldadas por emoção, símbolo e desejo.
Seres do Plano Mental —
inteligências formadas inteiramente por lógica e vibração mental.
Todos evoluem conforme o ambiente. Quando suas
frequências descem, criam caos ao redor. Quando sobem, aproximam-se do fluxo do
Arquitetor. E nenhum deles está totalmente desligado da Fonte — até uma
consciência caída pode reencontrar seu caminho.
Os jogadores assumem o papel de humanos ou
híbridos humanos.
Criaturas de Laboratório ou Ritual —
Reescrito
Há um outro tipo de vida — distorcida,
artificial, criada sem o sopro do Arquitetor. São seres fabricados por mãos que
ousaram imitar a criação sem compreender sua essência.
Esses organismos nascem de experimentos
proibidos, conduzidos por inteligências que se desviaram das Leis Universais.
Não possuem alma própria; são máquinas biológicas, recipientes energéticos, ou
amálgamas vivos criados para combate, manipulação genética, espionagem
espiritual ou expansão de poder.
Proliferam especialmente nos recessos mais
densos do Cosmos — locais onde a realidade é maleável e o espaço permite formas
grotescas. De lá, tais técnicas se infiltram em outros mundos, inclusive a
Terra, por meio do plano mental.
São criaturas criadas para interferir,
corromper, desequilibrar.
Entre elas estão monstros de ritual, híbridos, quimeras artificiais e humanos
geneticamente alterados.
Original Creatures —
Reescrito
A
linhagem primordial — as primeiras criaturas surgidas no instante inicial da
existência — constitui a matriz de toda vida e consciência do Cosmos. Elas não
evoluíram, não aprenderam e não precisaram adaptar-se. Simplesmente apareceram,
como manifestações diretas das forças que moldaram o tempo, a matéria, as
frequências e a própria percepção no primeiro sopro da criação.
Cada uma
das Sete Gerações corresponde a um estágio na expansão do Cosmos.
Juntas, formam uma sequência que vai desde a energia pré-consciente e informe
até as consciências fragmentadas que, eras depois, habitariam mundos materiais.
Nenhuma dessas entidades possuía moralidade, propósito, alinhamento ou intenção
— elas não são boas, más, nem neutras. São.
Inacessíveis
e incognoscíveis, não podem ser evocadas, derrotadas, persuadidas ou sequer
compreendidas. Seu papel não é participar de aventuras, mas fornecer o alicerce
mítico sobre o qual todo o universo de Space Ordiman foi erguido. Sua presença
só é percebida por rastros: símbolos arcaicos, ruínas impossíveis, distorções
na realidade e ecos deixados por civilizações que ousaram contemplá-las.
Ao longo
de bilhões de anos, elas surgiram em sete ondas sucessivas:
Primeira
Geração — 13,8 bilhões de anos atrás
Trouxe a ressonância primordial, a energia pré-forma e o primeiro pulso do
existir.
Segunda
Geração — 10 bilhões de anos atrás
Modelou a matéria, estruturou a teia cósmica e definiu as bases físicas do
universo.
Terceira
Geração — 8 bilhões de anos atrás
Despertou as primeiras sementes de consciência.
Quarta
Geração — 7 bilhões de anos atrás
Manifestou forças elementares e princípios energéticos fundamentais.
Quinta
Geração — 4 bilhões de anos atrás
Expandiu a diversidade em inúmeros planos, densidades e dimensões.
Sexta
Geração — 2 bilhões de anos atrás
Mesclou energias, criando formas híbridas e entidades interdimensionais.
Sétima
Geração — 800 milhões de anos atrás
Tornou-se a expressão mais próxima do Criador capaz de tocar a realidade
material.
Para jogadores,
o contato com tais criaturas é quase inexistente. Apenas algumas manifestações
extremamente raras da Sétima Geração podem surgir — breves, simbólicas,
transformadoras.
Entre
essas aparições está Nocthyl, um Ser Local oriundo do Inframundo.
Encontros desse tipo representam pontos de inflexão em que a aventura esbarra
nos alicerces mais antigos da criação.
Livros
Livros Básicos e Práticos
• Adventure Part 1
Apresenta
a parte introdutória da grande aventura. Leitura recomendada tanto para
jogadores quanto para mestres (GMs), servindo como porta de entrada para o
universo narrativo.
• Adventure Part 2
Continuação
direta de Adventure Part 1, contendo a aventura completa com conteúdos
exclusivos para o mestre. É o guia primário para conduzir a história na mesa de
jogo.
• Earthly Creatures, Entities, Fanatics and Other
Characters
Reúne
todos os personagens jogáveis e não jogáveis do universo Space Ordiman.
Essencial para jogadores e GMs.
• Rulebook
Contém
todas as regras e sistemas do jogo. Leitura fundamental tanto para mestres
quanto para jogadores.
Livros Complementares
• Who Is Tong Yan Lu?
A
história do personagem enigmático que desempenha papel central nos cultos
responsáveis pelo Grande Reset.
• Black Metal
Relata o
plano abominável que começou nos anos 1980 através do plano mental e como ele
moldou um estilo musical usado para amplificar sua influência.
• Visitors
Conta a
história das consciências superiores que penetraram na simulação de Ordiman
para alertar a humanidade de sua própria morte. Complementa diretamente o livro
Black Metal.
• No Return
A
narrativa da aventura contida em Adventure Book 2, mas apresentada como
romance. Não se destina ao mestre — contém diversos spoilers e revela toda a
história da campanha.
Outros Livros Importantes
• Book of Creatures
Explora a
origem das Sete Gerações de criaturas diretamente descendentes do Arquitetor,
desde 13,8 bilhões de anos até os dias atuais.
• Adventure Lore
Reconta
os eventos do Grande Reset e os séculos que se seguiram dentro da simulação de
Ordiman.
• Unique Book
Compilação
de vários livros de Space Ordiman reunidos em um único volume definitivo.
• The Great Library of Space Ordiman
Uma
imersão profunda no acervo completo do universo. Revela segredos, histórias e
conhecimentos que ampliam a experiência do jogo de forma inédita.

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